Expedição Nazista em 1938 encontra artefato inestimável no Tibete

em 06/02/2014


Uma estátua budista antiga, recuperada por uma expedição nazista em 1938 foi recentemente analisada por uma equipe de cientistas liderados pelo Dr. Elmar Buchner, do Instituto de Planetologia da Universidade de Stuttgart. A estatueta, que tem provavelmente 1.000 anos de idade é chamada de "Homem de Ferro" e representa o Deus Vaisravana. Acredita-se que ela faça parte da cultura pré-budista Bon que surgiu no século XI. Por muito tempo a estátua ficou em poder de colecionadores privados, até ser leiloada em 2007.

Análises geoquímicas realizadas pela equipe de pesquisa germânica-austríaca revelou que o inestimável objeto foi esculpido a partir de um fragmento de ataxite, uma liga muito rara de ferro, níquel e cobalto, que combina com a composição de outros pedaços de meteoro.

Acredita-se que a estatua que mede pouco mais de 24 centímetros e pesa aproximadamente 10 quilos seja a mais antiga figura humana esculpida em material proveniente de fora da Terra.

A estátua foi esculpida a partir de um fragmento de um grande meteoro que caiu em Chinga, uma área na fronteira entre a Mongólia e Sibéria há cerca de 15.000 anos atrás e milhares de quilômetros distante do Tibete. Os primeiros detritos foram descobertos oficialmente em 1913 por garimpeiros que faziam prospecção na área. É provável que esse fragmento individual tenha sido recolhido muitos séculos antes, forjado e moldado artisticamente por volta do século XI.

O interesse Nazista no Tibete

A estatueta foi descoberta por uma expedição de cientistas alemães liderados pelo renomado zoólogo Ernst Schäfer (o nome dessa expedição seria "Expedição Schäfer"). O grupo de exploradores visava oficialmente realizar um levantamento completo sobre a fauna, topografia, clima e antropologia do Tibete. Os membros da expedição, entretanto, estavam diretamente subordinados ao temido Heinrich Himmler - Chefe da SS e homem de confiança de Hitler. A verdadeira missão desses homens, mantida em segredo, era encontrar as raízes do povo ariano, que segundo a doutrina nazista, constituía a raça superior que teria dado origem aos povos nórdicos e germânicos.

Heinrich Himmler
Schäfer
No século XIX, a teoria de que a língua Sânscrita possuiria elementos de todas as línguas conhecidas era bem aceita pelo meio científico. Sendo essa antiga língua originária do Norte da Índia (ainda hoje o  Sânscrito é uma das 23 línguas oficiais da Índia) e também encontrada no Tibete, isso impulsionou as ideias e teorias nazistas a respeito de que os ancestrais arianos, fugidos de Atlântida, poderiam ter se estabelecido nessa região, como poderemos ver mais a seguir.

O órgão oficial em assuntos raciais

Os alemães dedicavam enorme importância a esse tema e criaram a Ahnenerbe, um órgão oficial, especializado em assuntos raciais e de herança cultural. Seu propósito era "defender a raça alemã" e garantir sua "pureza". Outra atribuição da Ahnenerbe era organizar expedições de cunho científico à diferentes regiões do mundo. Vários arqueólogos e antropólogos eram forçados a se tornar membros da SS, a fim de tomar parte nas expedições financiadas pelos nazistas, garantindo assim total lealdade dos envolvidos. A base da Arqueologia Nazista, constituía um eficaz instrumento de propaganda, usado para perpetuar o orgulho nacionalista dos alemães e fornecer justificativas científicas para suas conquistas. Afinal, se os alemães fossem realmente descendentes de uma "raça superior", era seu direito natural governar os outros povos.

A Ahnenembe acreditava que a raça ariana descendia da mítica Atlântida e que essa civilização extremamente avançada havia sido destruída por um cataclismo cósmico, possivelmente o choque de um planeta milênios atrás. A partir dessa tragédia, o povo ariano que habitava a Atlântida teria se espalhado pelo mundo, colonizando diferentes regiões do planeta. A Ahnenerbe afirmava que os arianos teriam deixado indícios de sua presença e que estes ainda poderiam ser encontrados.

Dessa forma, tentavam desenterrar artefatos perdidos e conduziam escavações na Islândia, Troia e no Oriente Médio. Os pesquisadores, no entanto, supunham que uma das mais prósperas colônias de arianos teria se estabelecido no coração da Ásia: nas Montanhas do Tibete. Para provar essa teoria, uma audaciosa expedição foi organizada com o intuito de explorar uma das regiões mais misteriosas do planeta. Até essa época, o Tibete se encontrava fechado para estrangeiros e os poucos viajantes que cruzaram suas fronteiras contavam estórias sobre uma terra exótica de incríveis riquezas e elaborados costumes. A cidadela de Llasa, no topo do mundo, era seu centro de poder.

Liderados por Schäfer a expedição partiu de navio em 1937, mas encontrou obstáculos logo ao chegar a costa da Índia, sob domínio britânico, onde pretendia desembarcar. As autoridades britânicas desconfiavam das verdadeiras intensões da expedição e negaram acesso aos portos sob seu controle. Schäfer e Himmler ficaram furiosos e fizeram uma queixa formal. Temendo um incidente diplomático, o Primeiro Ministro britânico Neville Chamberlain garantiu um salvo conduto para que a Expedição prosseguisse.


O grupo rapidamente comprou equipamento e provisões, marchando rumo ao Norte com uma caravana de 50 mulas, guias sherpas e uma multidão de carregadores. Levavam ainda rifles, morteiros, explosivos e a bandeira nazista que tremulava como um estandarte de conquistador. Durante o caminho tiravam fotos, faziam mapas, recolhiam espécimes animais e da vegetação, tudo isso sem esquecer sua principal meta. Existem filmagens que mostram antropólogos medindo o tamanho do crânio dos tibetanos e examinando criteriosamente sua anatomia a fim de comparar os resultados com as supostas medidas dos arianos. Foram feitas dezenas de máscaras de gesso com as feições de nativos também para efeito de comparação e dizem cemitérios foram violados em busca de amostras de ossos.


As razões místicas da Expedição Schäfer

Outro aspecto curioso da Expedição é que ela buscava aprofundar a compreensão sobre o misticismo tibetano. De fato, Himmler, era fascinado pelo ocultismo e acreditava em várias doutrinas herméticas. Acredita-se que ele próprio era um mago e que recorria a tradições antigas adaptadas de cerimônias pagãs que passaram a fazer parte da filosofia da SS. A expedição devia pesquisar a religião local e seus muitos rituais. De enorme interesse eram as práticas de meditação, cura e viagem psíquica, Himmler também desejava saber mais sobre reencarnação.

Não era a primeira vez que os nazistas se interessavam pelos ensinamentos orientais. Dezoito anos antes, o partido havia adotado a suástica como sua insígnia oficial. A suástica, um símbolo que remonta ao período Neolítico foi encontrado pela primeira vez nas civilizações do Vale do Indo na Índia. Mais tarde, foi utilizada no hinduísmo,budismo, jainismo para simbolizar boa sorte. Outros significados do símbolo incluíam"fazer o bem", "ser superior", e mesmo "eternidade". Os nazistas cooptaram a suástica, invertendo sua posição usando-a para simbolizar arianismo, anti-semitismo e impulso para a frente em moto-perpétuo (progresso contínuo). Ela se tornou nos anos seguintes o símbolo universal do ódio e intolerância - uma corrupção completa de seu significado original.


Olhando para trás, e voltando a expedição de 1938, só podemos imaginar a alegria dos exploradores nazistas, quando a equipe de Schäfer descobriu a estátua de ferro com uma grande suástica adornando o peito da figura esculpida. Cegos pela ideologia e interpretações bizarras, eles esperavam reescrever a história.


Não é possível dizer exatamente como Schäfer e seus homens obtiveram a estátua, os detalhes se perderam no pós-guerra, mas supõe-se que os nazistas tenham se aproximado de contrabandistas e saqueadores de tumbas oferecendo a eles recompensas por tais tesouros. Também é possível que a estátua tenha sido dada de bom grado por algum líder tribal ou chefe regional que relacionou o símbolo na estátua com a bandeira que aqueles estrangeiros carregavam com tanto orgulho.


A expedição estabeleceu relações cordiais com os nativos e conseguiu inclusive permissão para adentrar a cidade sagrada de Llasa. Tal honra raramente era concedida a estrangeiros, ainda mais ocidentais. A visita foi documentada em várias fotografias e filmagem. Schäfer ofereceu ao Regente de Llasa vários presentes e recebeu em troca uma cópia da Enciclopédia do Budismo Tibetano (livro central na filosofia budista, um dos três únicos exemplares oferecidos a ocidentais na história).


Além do "homem de ferro", a expedição recolheu inúmeros outros artefatos levados clandestinamente para a Alemanha no interior de caixotes contendo espécimes da fauna e da flora local. Uma indumentária que teria sido usada por um dalai-lama foi ofertada como presente ao Führer Adolf Hitler. A expedição tirou mais de 20 mil fotografias em preto e branco e 2 mil coloridas, reuniu máscaras e um dossiê completo sobre o povo tibetano foi reunido para ser analisado.



fortaleza de Yumbulagang
Schäfer retornou a Alemanha em Agosto de 1939, sendo recebido como herói em Munique. Himmler em pessoa o condecorou com o anel da S.S. e a adaga de honra. Com o início da guerra ele trabalhou no escritório central da Ahnenerbe. Após a derrota, Schäfer conseguiu fugir e imigrou para a Venezuela. Ele voltou a Europa em 1954 e foi assessor do Rei Leopold III da Bélgica (na verdade em 1954 Leopold III não era mais Rei, ele abdicou do trono em 1951, cedendo seu posto ao filho  Balduíno I).

Ernest Schäfer terminou sua carreira como curador de um Museu na Saxônia. Até o final da vida ele alegou que sua ligação com a SS havia sido uma imposição política.

Quem foi Ernst Schäfer?

Ernst Schäfer, nascido em 1910, interrompeu seus estudos universitários em zoologia e geologia duas vezes. Em 1930, Brooke Dolan, um jovem milionário americano, chegou à Alemanha para recrutar cientistas para uma expedição zoológica ao Tibete. Apesar de ter somente 20 anos na época, Schäfer participou da primeira expedição Dolan para a China Ocidental e o Tibete oriental, antes de retornar à Alemanha em 1932, para concluir seus estudos. Em 1934, Schäfer novamente interrompeu seus estudos para liderar a segunda expedição de Dolan, no Tibete oriental e na China, patrocinada pela Academia de Ciências Naturais na Filadélfia; esta viagem foi concluída em 1936. A Academia reconheceu o grande sucesso científico de ambas as expedições mais de 50 anos depois no obituário de Schäfer em 1992, o qual menciona que este e Dolan “coletaram dados científicos e espécimes dos mamíferos e aves da região que nunca foram igualados em tamanho e importância. Em reconhecimento às suas contribuições científicas, o Dr. Schäfer foi eleito para membro vitalício da Academia (já) em 1932.” Após seu retorno à Alemanha, ele concluiu seus estudos em Berlim e em 1937, sob a orientação de Erwin Stresemann, completou seu doutorado com uma tese, de escopo incompreendido na época, sobre a vida das aves no Tibete.


O Reichsführer SS Himmler teria tentado proveito da reputação de Ernst Schäfer para a propaganda nazista e perguntou-lhe sobre seus planos futuros. Schäfer desejava que sua expedição estivesse sob o patrocínio do departamento cultural de assuntos estrangeiros da Fundação de Pesquisa Alemã (DFG, Deutsche Forschungsgemeinschaft) como indicado por seus pedidos. Himmler desejava enviar tal expedição sob os auspícios da Ahnenerbe e desejava que Schäfer realizasse pesquisa baseada na teoria pseudocientífica de Hans Hörbiger da “Cosmogonia Glacial”. Schäfer tinha objetivos científicos e, assim, ele recusou-se a incluir Edmund Kiss, um adepto desta teoria, em sua equipe, e exigiu 12 condições para trabalhar com liberdade. Wolfram Sievers, da Ahnenerbe, expressou críticas em relação aos objetivos da expedição, de modo que a organização não iria dar apoio a ela. Himmler, por outro lado, aceitou que a expedição fosse formada desde que todos os seus membros se afiliassem à SS. Para evitar mais problemas, Schäfer entrou para essa organização.

Apesar de Himmler eventualmente aceitar os objetivos de Schäfer, um memorando de setembro de 1937 torna claro que a Ahnenerbe continuaria a exercer pressão na questão do recrutamento da expedição, exigindo que um geógrafo, um antropologista, um geólogo, um botânico, representante da Teoria da Cosmogonia Glacial, e um arqueólogo fossem incluídos. Entretanto, o nome oficial seria mudado de Ahnenerbe para Expedição Alemã-Tibetana Ernst Schäfer, sob o patrocínio do Reichsführer SS Himmler e em conexão com a Ahnenerbe.

Em dezembro de 1937, Schäfer submeteu um plano detalhado e definitivo à DFG, no qual ele ainda defendia que o destino da expedição seria o Tibete Oriental, com acesso a partir da China. Isto também incluía um programa antropológico realizado pelo antropólogo Bruno Berger, cujo programa era baseado em torno da questão se os indo-europeus poderiam ser originários da Ásia Central, uma ideia que era debatida há longo tempo além dos círculos nacional-socialistas. De fato, discussão internacional e interdisciplinar sobre este assunto continua até hoje.


O escritor britânico Christopher Hale afirma que ninguém pode inferir que Schäfer era independente da SS e foi capaz de fazer “ciência pura” simplesmente a partir de um papel timbrado que ele conseguiu para a expedição: para todos os efeitos e objetivos, a expedição permaneceu sob o patrocínio de Himmler e Schäfer não tinha nenhum interesse em perder o apoio do Reichsführer.


É um exercício ao mesmo tempo curioso e assustador tentar imaginar como a história da humanidade poderia ter sido reescrita caso os nazistas tivessem vencido a guerra. Com certeza, as conclusões no dossiê obtido pela Expedição Schäfer teriam sido usados como prova incontestável das teorias da Ahnenerbe.

Tudo leva a crer que os nazistas jamais tenham suspeitado que o material usado para esculpir a estatueta do "Homem de Ferro", tenha vindo do espaço. Mas é uma ideia incrivelmente tentadora supor que membros dentro da SS soubessem desse detalhe e justamente por isso cobiçassem a estatueta. Talvez eles acreditassem que a estátua tivesse propriedades desconhecidos dada a sua origem incomum e que aquele que a detivesse ganharia algum poder especial. Com as estranhas crenças da SS e da Ahnenerbe quem pode afirmar que não era esse o caso? 



4 comentários:

  1. Essas expedições nazistas me intrigam muito.....

    att

    H²Ódio.com.br

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  2. Respostas
    1. Deixa de ser burro tio, ao invés de perder tempo comentando besteiras na internet vai ler um pouco!

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    2. Viajam mesmo na maionese KKKKKKKK

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