O massacre de São Bartolomeu

em 04/07/2014


Hoje falaremos de mais um triste episódio da história da humanidade, onde novamente a religião esteve envolvida em atos abomináveis. Falaremos de um evento conhecido como "O massacre de São Bartolomeu", ou "O massacre da noite de São Bartolomeu" ou ainda "Noite de São Bartolomeu". Esse foi um episódio sangrento na repressão aos protestantes na França pelos reis franceses, que eram católicos.

Na Noite de São Bartolomeu de 1572, os católicos massacraram os protestantes chamados huguenotes na França. Somente em Paris, cerca de três mil protestantes foram exterminados nessa noite (algumas fontes históricas ligadas a grupos católicos afirmam houveram cerca de 2 mil vítimas, enquanto historiadores protestantes chegam a afirmar que as mortes cegaram ao exorbitante número de 70 mil, em toda a França). Os atos de selvageria começaram em Paris, mas logo se espalhou por todo o país, resultando na morte de um número absurdo de huguenotes.

A matança foi iniciada no dia 24 de agosto de 1572, dia de São Bartolomeu, e se estendeu ao longo até meados do mês de outubro.


Poucos dias antes, era calmo o ambiente na capital. Celebrara-se um matrimônio real, que deveria encerrar um terrível decênio de lutas religiosas entre católicos e huguenotes. Os noivos eram Henrique, rei de Navarra e chefe da dinastia dos huguenotes, e Margarida Valois, princesa da França, filha do falecido Henrique 2º e de Catarina de Médici.

Margarida Valois
Henrique de Navarra
Margarida era irmã do rei Carlos IX. Alguns milhares de huguenotes de todo o país – a nata da nobreza francesa – foram convidados a participar das festas de casamento em Paris. Uma armadilha sangrenta, como se constataria mais tarde.

Casamento sobre o Sena

A guerra entre católicos e protestantes predominou na França durante anos, com assassinatos, depredações e estupros. E agora, um casamento deveria fazer com que tudo fosse esquecido, ou ao menos o casamento serviria como uma tentativa de apaziguar o conflito.

O casamento não foi realizado na catedral. O noivo protestante não deveria entrar na Notre Dame, nem assistir à missa. Diante do portal ocidental da catedral, foi construído um palco sobre o rio Sena, no qual celebrou-se o casamento. Margarida não respondeu com um "sim" à pergunta, se desejava desposar Henrique, mas fez simplesmente um aceno positivo com a cabeça. Como era comum na época, o casamento tinha motivação exclusivamente política.

No século 16, o maior esteio da França não era o rei, mas sim a Igreja. E ela estava inteiramente infiltrada pela nobreza católica. Uma reforma do clero significaria, ao mesmo tempo, o tolhimento do poder dos príncipes. Assim, a nobreza – tendo à frente os Guise – buscava a preservação do status.

Casamento forçado seguido de atentado

Os Guise – a linhagem predominante na França – observavam com profunda desconfiança a cerimônia ao lado da Notre Dame. O casamento foi realizado por determinação da poderosa rainha-mãe Catarina de Médici – uma mulher fria, detentora de um marcante instinto de poder.

Poucos dias depois da cerimônia, o almirante Coligny sofreu um atentado em rua aberta. O líder huguenote teve apenas ferimentos leves. Ainda assim, os huguenotes pressentiram uma conspiração. Estava em perigo a trégua frágil, lograda através do casamento. Por trás do atentado, estavam os Guise e Catarina de Médici.

Gaspard de Coligny
O casamento era parte de um plano preparado a longo prazo. Carlos, o rei com olhar de louco, ficou furioso ao saber do atentado a Coligny, que era seu conselheiro e confidente. Os católicos espalharam então o boato de que os huguenotes estavam planejando uma rebelião para vingar-se do atentado, que teria sido forjado pelos protestantes para servir de desculpa para o reinicio das disputas.

Carlos IX

Começa o plano diabólico

O rei Carlos foi pressionado, ou manipulado, por sua mãe, Catarina e contra sua vontade ordenou a execução de Coligny. Na verdade Carlos, que na época tinha 22 anos, era apenas um fantoche, na verdade quem governava a França era sua mãe.

Catarina de Médici
Sabendo que os protestantes não iriam aceitar a morte de Coligny, a coroa francesa exigiu um trabalho completo: não deveria sobrar nenhum huguenote que pudesse acusá-lo posteriormente do crime.

Coligny foi assassinado com requintes de crueldade na noite de São Bartolomeu, sua cabeça decepada e  teria sido enviada ao Papa Gregório XIII.

Assim como Coligny, milhares de pessoas que professavam a mesma fé acabaram mortos nas semanas seguintes. Até Outubro, houve uma onda organizada de assassínios de huguenotes em doze cidades francesas, sendo que as principais foram: Toulouse, Bordéus, Lyon, Bourges, Ruão, e Orleães.

Relatos da quantidade de cadáveres arremessados nos rios afirmam uma visível contaminação, de modo que ninguém comia peixe, pelas condições insalubres do local.

Não foi o primeiro nem o último ataque massivo aos protestantes franceses, outros ataques ocorreriam. Embora não o único, "foi o pior dos massacres religiosos do século". Por toda a Europa, "imprimiu nas mentes protestantes a indelével convicção que o catolicismo era uma religião sanguinária e traiçoeira."

Massacre de São Bartolomeu, de François Dubois
Henrique de Navarra sobreviveu à noite de São Bartolomeu nos aposentos do rei, que tinha dado a ordem para o massacre. Henrique teve de renegar a sua fé e foi encarcerado no Louvre. Quatro anos mais tarde, ele conseguiu fugir. Retornou ao seu reino na Espanha e, anos depois, em  1594, subiu ao trono francês.

Henrique, agora católico, permaneceu irmão espiritual dos huguenotes, concedeu-lhes a igualdade de direitos políticos através do Édito da Tolerância de Nantes. Uma compensação tardia para os huguenotes. Henrique defendia a coesão do país: "A França não se dividirá em dois países, um huguenote e outro católico. Se não forem suficientes a razão e a Justiça, o rei jogará na balança o peso da sua autoridade."

Fontes: Wikipédia e DW Notícias

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